Ficha Técnica:
Título: Porra
País: Brasil
Autor: João Ximenes Braga
Gênero: Drama/Comédia
Ano de publicação: 2003
Editora: Objetiva
Páginas: 146
Rating: ⭐⭐⭐
Esse é um livro que retrata uma realidade carioca no começo do século, com “dorgas”, sexo, assalto, estupro, morte e mais um monte de coisa que a gente faz questão de omitir e que estão nas ruas não só do Rio de Janeiro (onde se passa o livro) e nem só em São Paulo (onde eu vivo). Todos os lugares tem esse tipo de gente, situação, mas nós sempre nos omitimos (e não estou querendo tirar o meu da reta).
É muito mais fácil, muito mais confortável viver dessa forma.
Esse livro eu li em poucas horas. Não é grande e tem várias páginas de capa, para delimitar cada personagem, que são:
Caco, um arquiteto gay viciado em antidepressivos.
André, um pitboy viciado em academia e dado a más companhias.
Félix, um traficante de ecstasy que não sabe muito bem se é gay, se é hétero ou bi (e tem um problema sério com um piercing que colocou entre os olhos e segue infeccionado).
Eu vou colocar a sinopse para que eu não fale algo que acabe entregando o final. Faço isso porque eu não acho que consiga falar sem entregar o final:
Porra é uma novela tão feliz e agressiva quanto seus personagens. Jovens, nem sempre felizes, eles vivem em estados alterados de percepção do mundo – excesso de drogas, de ginástica, de álcool e sexo, de noites maldormidas, de dias entediados, de ações inconsequentes. É o excesso do excesso e nada de culpa. São tempos ácidos e rápidos. Em Porra, o ritmo também é vertiginoso.
Isso resume bem, são capítulos curtos e grossos (literalmente). Nunca vi tanto palavrão junto.
O título é bem sugestivo de que isso aconteceria, mas pra mim, eu acho que os palavrões e xingamentos tem um limite que beira o vocabulário chulo e o bom senso.
⚠ Alerta ⚠
Esse livro trata sobre:
Drogas
Sexo
Agressão no geral
Estupro
Agressão à minorias (no caso desse livro, trata sobre agressão a pessoas homossexuais)
Suicídio
Vícios no geral (com nomes de remédios e miligramas – o que eu acho isso muito perigoso)
Minha opinião:
Não saberia dizer se é um retrato muito fiel do que acontece no Rio nesses ambientes, simplesmente porque eu não vivo nesse meio e não vivo no Rio, mas pelo o que a gente escuta, principalmente nos noticiários, eu acredito que seja.
Não recomendo esse livro para pessoas que estejam passando por momentos difíceis – sejam lá quais forem. Tem gatilho demais para muitos tipos de reações, devido aos assuntos abortados (⤴).
Foi um choque de realidade para mim (menina de apartamento de classe média da capital paulista).
Vou deixar uma passagem que achei interessante:
Engraçado, você vive no Rio como se estivesse andando na rua dentro de uma bolha de ar condicionado, como se a sacola de compras com geléia importada nao fosse uma afronta ao menino de rua, como se o eventual papelote de cocaína comprado na descida do morro a poucas quadras de casa não fosse uma contribuição à guerra civil que o cerca.
E no meio disso tudo, você se acha um cara legal. Legal, afinal de contas, pois, apesar de toda sua irrelevância, tem segurança de que seus ideais são bacanas. É a favor da cota para os negros nas universidades. Do aumento progressivo de impostos para forçar a distribuição de renda. De um sistema carcerário mais humano. E durante todo esse tempo, você exerce o ser legal votando cegamente no PT. Até que a porra do partido chega ao poder e você se descobre órfão daquele único ato que fazia de você um bom burguês. Agora você é situação em todos os sentidos. Tornou-se definitivamente uma irrelevância.
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